A história do Corvette SR-2 é muito interessante com um charme peculiar. O primeiro SR-2 começou como um projeto de pai para filho. Harley Earl, o então todo poderoso vice presidente de Design da GM e o homem que criou o Corvette, tinha um pequeno problema: Seu filho Jerry Earl era um entusiasta e piloto. Mas o problema ficou pior porque Jerry tinha uma Ferrari e esse era o carro que ele usava para competir. Não era qualquer Ferrari mas sim uma 250 MM Vignale 1953.
Dificilmente você não é notado correndo com uma Ferrari e sendo filho de Harley Earl. Dessa forma o alto escalão da GM mandou o pai pedir para o filho parar de correr com uma Ferrari. Assim, como bom pai, ao invés de proibir Jerry de correr, Earl resolve fazer um acordo com o seu filho. "Filho, se você vender a sua Ferrari eu vou lhe construir um Corvette especial para correr." Depois que a idéia se concretizou, Bill Mitchell que era o braço direito de Earl (e seu sucessor, o responsável pelo futuro Stingray) também quis um SR-2. Foi construido um segundo SR-2 mas no final um terceiro foi feito para o presidente da GM na época, Harlow Curtice para ser um show car. O terceiro carro que era o show car não tinha freios de competição bem como alguns detalhes técnicos importantes. Todos os 3 carros nasceram em St. Louis como Corvettes de série sendo posteriormente mandados para o estúdio de design em Warren, Michingan para modificações cosméticas e preparação de corrida. O primeiro Corvette dado à Jerry tinha o número de chassis (vin) E56F002522 e foi concluido na primavera de 1956. O carro de Jerry Earl era azul e o de Mitchell vermelho, permanecem assim até hoje.
A primeira iteração do SR-2 tinha uma barbatana baixa e central no porta malas. Essa foto é de 6 de Junho de 1956 em Road America e o homem de camisa vermelha é Fred Warner.
Foto de Outubro de 2008 em Palos Verdes, Califórnia.
Março de 1958 com o novo dono, Jim Jeffords, em Sebring
Março de 1958 com o novo dono, Jim Jeffords, em Sebring
Foto do Corvettes at Carlisle em Agosto de 2004.
No SR-2 de Jerry Earl, há a assinatura de Zora Arkus-Duntov, Jim Jeffords e Robert Cummaford no logo de 3 cores abaixo de CORVETTE SR-2.
Os bancos concha foram emprestados do Porsche 550 Spyder. Duntov competiu com um na Le Mans de 1955 que mostramos aqui.
O capô do SR-2 tinha aberturas reais. No Corvette 1958 de série foi colocado o mesmo tipo de capô porém sem aberturas como mostramos aqui no video.
Esse scoop lateral foi feito de aço inoxidável e era a entrada de ar para refrigerar os freios traseiros.
Rodas Halibrand.
Notem as aberturas na frente para refrigerar os freios dianteiros.
A etiqueta esta datada de 29 de Maio de 1956 e indica o pedido especial número S0.90090 que foi as modificações de competição feitas no carro.
No inverno de 1956/1957 um novo motor de 307 foi instalado junto com uma transmissão ZF de 4 marchas e o diferencial positraction.
Aqui podemos ver bem as diferenças aerodinâmicas do primeiro SR-2 antes e depois das mudanças feitas no inverno de 1956/1957. Naturalmente não dá para ver as mudanças mecânicas que citamos antes.
O SR-2 de Earl com o seu atual dono em 2008.
O SR-2 de Bill Mitchell (carro vermelho) (vin E56S002532) foi terminado em 4 de Setembro de 1956. Em 7 de Fevereiro de 1957 competiu em Daytona e chegou em primeiro na classe Standing Mile, Buck Baker foi o piloto com a marca de 93,047 mph. Depois chegou em segundo na classe Flying Mile com a marca de 152,866 mph. No dia 23 de Março terminou em décimo sexto na geral das 12 horas de Sebring. A última competição oficial pela GM foi em primeiro de Dezembro de 1957. Antes o SR-2 conseguiu uma vitória no Tourist Trophy e também outra vitória no Governor's Trophy em Nassau nas Bahamas. No fim, Edd Rose Jr do Texas comprou o carro em Janeiro de 1958.
O SR-2 de Mitchell foi comprado por Ebb Rose, Jr (de camisa vermelha) em Janeiro de 1958.
Aqui numa competição de Fort Worth, Texas em 1958 com seu novo dono.
O carro número dois era o SR-2 fabricado para Bill Mitchell.
As fotos a seguir do SR-2 chassis 2 do Mitchell foram tiradas recentemente no Amelia Island Concours d'Elegance.
As rodas foram feitas de magnésio para serem leves e os pneus eram os melhores que podia se comprar na época.
O motor do SR-2 era um small block com comando de válvulas Duntov, injeção de combustível e um sistema ram-air para alimentar ar frio para o motor de forma a aumentar sua densidade e ,por consequência, potência do motor.
Os pedais são de alumínio, o câmbio de 4 marchas, os bancos que são uma versão melhorada dos do Porsche Spyder 500 e o parabrisa baixo.
A barbatana serve para aumentar a estabilidade em altas velocidades e foi baseada no Jaguar D-Type da mesma época. Já as laternas eram fechadas que foi algo que acabaram utilizando no ano seguinte no Corvette 1958 de série.
A entrada de refrigeração para os freios traseiros era feita em aço inoxidável e corrida por toda a porta e parte traseira do carro.
Esse foi o primeiro Corvette equipado com câmbio de 4 marchas ZF, notem como a alavanca é mais curta que os carros de série contemporâneos.
O estepe era algo obrigatório na época.
Originalmente a intenção era competir nas 24 horas de Le Mans. O regulamento da época pedia que a tampa do tanque tivesse esse formato para poder ser selada pela FIA. Somente no primeiro pit stop, o selo era quebrado e podia se abastacer. Porém do início da prova até o primeiro pit stop o selo tinha que estar lá.
Existe uma réplica do SR-2 em São Paulo. O dono é muito perfecionista e está cuidando de alguns detalhes do carro para ficar ainda mais igual ao original. Esperamos que essas fotos e dados ajudem no processo. Aguardamos mais fotos e, quem sabe, um video do carro por parte do dono. O carro de São Paulo pode ser visto aqui.
4 comentários:
Vi a réplica paulista da SR-2 no sambódromo de São Paulo. Fiquei impressionado com a disposição do dono em transformar uma C1 na SR-2.
O Alexandre que vai gostar de ver.
O Vette é mesmo um carro versátil.
Joel,
Qual Alexandre? O AG?
O Alexandre Z, do post anterior.
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