Corvette Brasil
Maior conteudo sobre Chevrolet Corvette na língua Portuguesa.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Corvette SS de 1957
Os Europeus dominavam o mundo de esportes à motor nos anos que se seguiram depois da Segunda guerra, um fato inegável. Jaguar, Maserati e a Mercedes-Benz eram os grande gorilas do mundo automotivo tanto em termos de carros esporte quanto na Fórmula 1. A única empresa que talvez pudesse criar uma certa ameaça aos 3 citados à cima fosse a Aston Martin que também era Inglesa. Porém durante os anos 50 a Ferrari construiu uma reputação de excelência em performance com a série de carros 250 que iria durar até os dias de hoje. No cenário de competições internacionais automotivas podemos dizer que os Americanos estavam completamente por fora.
Mas, esperem aí, não vamos chegar à conclusões apressadas afinal o nome do nosso blog é Corvette Brasil. A GM sempre admitiu não ter muito interesse em competições desde a sua fundação em 1908. Porém tudo mudou de forma repentina nos anos 50 ainda que também de um jeito espectacular. Certas pessoas importantes na GM e algumas figuras jovens envolvidas na parte de engenharia iriam trazer novos ares à GM e a sua política de ignorar as competições. O genial engenheiro Edward Cole, que mais tarde ocuparia a presidência da empresa, era o chefe da divisão Chevrolet na década de 50. Foi pela a sua liderança que o Corvette não foi cancelado já na década de 50 depois dos 2 primeiros anos como fracasso de vendas. O Corvette de 1953 e 1954 era algo lento e pesado com um modesto 6 cilindros emprestado de um caminhão. Porém em 1955 o small block Chevy entrou em produção, algo que também tinha tido o dedo de Cole. Somado à isso entrou na equação o novo engenheiro Russo, Zora Arkus-Duntov, que tinha a missão de tornar o Corvette algo bem sério no âmbito de competições internacionais. E o resto? Bem o resto é o que podemos chamar de história. Imaginem um carro leve como o Corvette com um motor V8 violento de baixo do capô? Para a época ficou claro que, com o Corvette, Duntov poderia fazer qualquer coisa.
Cole era um tanto progressista quando o assunto era o produto Chevrolet. Ele envisionava a Chevrolet como uma marca campeã nas pistas seja na NASCAR, com os sedans Chevrolet, ou nos circuitos internacionais com o Corvette. Dentro dessa filosofia Cole foi buscar talento e contratou dois dos melhores , e hoje, lendários engenheiros da Chevrolet. Zora Arkus-Duntov, o Russo nascido na Bélgica, veio directo da própria empresa para gerenciar o programa do Corvette. Duntov carregava no seu curriculum duas vitórias para a Porsche nas 24 horas de Le Mans e também uma passagem interessante pela Allard. O segundo engenheiro é o não menos famoso John Z. DeLorean (alguém aqui é fã dos Pontiac ou assistiu De volta para o futuro?). Ele veio direto da Packard, na época, já em dificuldades. DeLorean veio para ocupar o cargo de engenheiro chefe de toda a divisão Chevrolet. O trabalho foi difícil no começo mas hoje temos o Corvette que se tornou um mito no mundo todo.
Duntov e DeLorean montaram uma equipe para projectar e construir uma das máquinas de corrida mais exóticas e impressionantes dos anos 50: o Corvette SS de 1957. Essa máquina era um verdadeiro protótipo esportivo de corrida e a única coisa que tinha remotamente semelhante ao Corvette de produção eram aqueles dentes na sua grelha dianteira que foram feitos de magnésio justamente para pesarem bem menos. Fora isso o carro era um exótico feito para derrotar o melhor que o mundo tinha à oferecer.
Os engenheiros começaram com um chassis tubular tipo space-frame (que era claramente inspirado nas ideias da Mercedes-Benz com o super bem sucedido SL e SLR dos anos 1950 que foram, na minha opinão, os primeiros super carros antes do Lamborghini Miura) casado com uma carroceira feita de ligas ultra leves. As rodas eram as peças mais high tech colocadas num carro na época. Eram rodas de magnésio feitas pela Halibrand. Os freios eram colossais e consistiam de freios à tambor montados dentro do carro e refrigerados generosamente, novamente muito similar ao sistema projetado pela Mercedes-Benz. A suspensão, claro, era totalmente independente algo que só viria em série junto com o Sting Ray de 1963.
O coração do SS, seu motor, era o centro das atenções. O small bloco 283 básico foi completamente configurado para máxima potência e durabilidade em altas rotações. O seu comando de válvula foi batizado em homenagem ao seu criador: comando Duntov. Alimentado por um sistema de injeção electrônica de combustível, muito avançado para a época, e projetada pela Delco Eletronics. O motor não estava para brincadeiras com a concorrência. Notem, Corvettes de série vinham com injeção de combustível na época porém eram sistemas praticamente mecânicos e não electrónicos como o sistema da Delco para o SS. Outro detalhe: o único outro fabricante na época que tinha carros de competição com injeção electrônica era a Mercedes-Benz. Duntov foi o responsável por, desde o começo, usar o Mercedes SL asa de gaivota como a inspiração para o SS.
O motor do SS foi montado na frente porém mais atrás possível numa configuração front mid-engine justamente para fazer a distribuição de peso perfeita. Alguém aqui está pensando no Z06 ou ZR1 modernos? O motor do SS produzia incríveis 450 hp que humilhava os demais carros esporte da época. O capô e a parte traseira do carro eram do tipo clam shell e se abriam totalmente para facilitar reparos. E a carroceria era bem aerodinâmica e, ao mesmo tempo, agressiva e sexy no melhor estilo Americano da época.
Apesar de toda as inovações de engenharia e recursos gastos o SS teve uma carreira muito curta porém notável. Nas 12 horas de Sebring de 1957 o maestro, Juan Manuel Fangio em pessoa, guiou o SS pela primeira vez. Ele considerou competir com o Corvette pois era claro para ele que era o carro mais rápido da prova. Fangio completou a sua volta mais rápida com o SS em 3:27. Ou seja, 4 segundos mais rápido que qualquer outro carro em Sebring. Mas Fangio não sentia firmeza num carro que estava fazendo sua estreia e .no lugar. optou por pilotar a Maserati 450S à vitória porque o SS teve que abandonar na volta de número 23 com problemas na suspensão. Coisas que somente um grande campeão pode prever. Fangio ganhou a prova.
Após Sebring, a equipe de Duntov e DeLorean estava muito empolgada porém ganharam um grande banho de água fria. A General Motors junto com a Ford e Chrysler assinaram em 1957 o banimento às competições da Association of Automobile Manufacturers'. Assim o Corvette SS de 1957 virou peça de museu logo nos seus primeiros meses de vida. Isso aliás iria custar muito caro à industria automobilistica Americana nas próximas décadas e é sentida até hoje. Porém, nem tudo estaria perdido no futuro próximo quando Bill Mitchell construiu, junto com Larry Shinoda, o Sting Ray racer que já contamos aqui. O carro era basicamente o SS com nova carroceria. Ou seja o carro ainda existe como o Sting Ray racer ainda que relativamente bem modificado. Com relação ao SS é interessante imaginar o que teria sido esse carro versus os Jaguar, Aston Martin e Ferraris da época. Um vencedor já que o carro tinha tudo necessário para superar essas outras marcas lendárias do velho continente. Assim, concluímos que o Corvette SS é definitavamente um dos grande automóveis de todos os tempos.
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2 comentários:
Que coisa fabulosa... Enquanto uma equipe que transpira criatividade tecnológica trabalha para a glória da(o)Corvette, os muquiranas da contabilidade cortam os custos que na verdade eram investimentos institucionais de alta qualidade.
O Luiz sintetizou bem a situação...acrescento que cercearam o crescimento tecnológico da industrai automobilistica...é coisa de "contadores de tostões" das antigas.
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