Corvette Brasil

Maior conteudo sobre Chevrolet Corvette na língua Portuguesa.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Astrovette, o Corvette da missão Apollo 12


Geralmente, as pessoas vivem sua vida e continuam na rotina muitas vezes sem pensar na importância histórica dos eventos que acontecem aos seus redores. Porém há momentos que são verdadeiros marcos na história e vive-los é algo quase surreal porém marcante. E essa era a atmosfera do final dos anos 50 e começo dos anos 60 prosseguindo nos 70 quando os Estados Unidos embarcou no desafio da viagem espacial numa corrida frenética contra a União Soviética que parecia mais eficiente e preparada. Só o fato do homem voar para o espaço já era indício suficiente para informar ao mundo que história estava sendo feita. E quando o presidente Kennedy definiu o pouso na Lua como meta para a NASA no final dos anos 60, os eventos que se sucederam não poderiam ter dimensões menores que proporções verdadeiramente mitológicas da história moderna. O fato de pisar num outro mundo era algo superior à incrível.

Bean, Gordon e Conrad e seus Corvettes Apollo 12 crew.

Os astronautas que foram aceitos para o desafio se tornaram heróis nacionais e mundiais do mundo livre assombrado pela guerra fria. Eles estavam, afinal, enfrentando o perigo do desconhecido : o espaço sideral. Hoje os voôs do onibus espacial se tornaram algo rotineiro, sem importância, mas as missões Mercury, Gemini e Apollo não tinham nada de rotineiro. Dessa forma, homens acostumados ao perigo e com sede de aventura eram o perfil ideal para as missões mais especificamente eram os pilotos militares de teste.


Para quem é apaixonado pela história da aviação moderna, não pode de deixar de ler Voando nas Alturas de Chuck Yeager. Uma história que agrada qualquer idade, genero ou personalidade. Desse livro foi feito também um filme: The Right Stuff, altamente recomendado. Eu tive a oportunidade de ler o livro aos 14 anos de idade. Não consegui largar.



Seria então natural que pessoas que voassem nos limites da velocidade em aeronaves avançadas quisessem o mesmo nível de adrenalina em seus automóveis o que resultou nos pioneiros Astronautas se apaixonarem pelo símbolo de esportividade na América da época: o Corvette.


O piloto da marinha, Alan Shepard, um dos originais 7 da missão Mercury já estava no seu segundo Corvette, um 1957 fuelie quando ele se alistou no programa espacial em Abril de 1959. Shepard gostava de carros velozes e sua afinidade com o Corvette (ele também tinha um 1953) não passou despercebida pelo mago Zora Arkus-Duntov. Duntov até trouxe Shepard para Detroit para testar modelos do carro em pré-produção. Além do fato do status de celebridade que os Astronautas tinham, a idéia de presentea-los com um Corvette era algo bem delicado para a General Motors. Após o seu primeiro vôo suborbital, o presidente da GM na época Ed Cole, decidiu presentear Shepard com um Corvette 1962 equipado com interior de luxo Bill Mitchell. Esse seria o terceiro Corvette de Shepard.

Algumas fotos do Corvette 1968 de Alan Shepard que esta exposto junto com um foguete Saturn V.





Apesar de ir contrário às normas da GM contra presentar carros, a decisão de Cole (de acordo com a sua viuva, Dollie Cole que foi diretora do museu nacional do Corvette e vice-diretora do National Air & Space Museum) fazia total sentido. "Os Astronautas eram muito visados e era uma ótima publicidade para a GM." dizia Dollie Cole. Claro, atrás de um grande homem sempre há uma grande mulher visionária.




Colocar astronautas à bordo de um Corvette não era apenas um golpe de publicidade para a GM. "Quem melhor para representar nosso país que esses caras?" Dollie Cole declarou uma vez. "Eles arricam as suas vidas à todo instante, há diversos fatores desconhecidos nas suas missões apesar das pessoas terem a impressão que se trata de algo normal. Presentear os carros é uma forma de agradece-los pelo serviço prestado ao país."

LMP escrito na parte azul do logo para o carro de Bean
Alan Bean era um capitão da Marinha e também piloto de testes. Ele foi aceito no programa espacial em Outubro de 1963 e fazia parte do terceiro grupo de astronautas criado. Foi astronauta reserva da missão Gemini 10 e Apollo 9 antes de finalmente ir para o espaço como piloto do módulo lunar da Apollo 12 que foi a segunda missão que aterrisou na Lua e onde ele se tornaria o quarto homem à andar na superfície do nosso satélite natural entre 14 e 24 de Novembro de 1969. Mais tarde, Bean ainda seria o comandante da segunda missão do Skylab em 1973 se aposentando da NASA em 1981. Bean era um entusiasta mas não pelas mesmas razões de seus colegas pé de chumbo. "Apesar de ser um engenheiro aeronáutico, sempre fui bastante atraido por carros e sempre adorei Corvettes. Antes eu não entendia isso direito, mas como agora sou um artista presto muita atenção no design dos automóveis." Diz Bean. Bean é um pintor e a maioria das suas pinturas é sobre a Lua (assunto do qual é expert) e alguns dos seus quadros tem até pó lunar aplicado às telas.

Os tripulantes da Apollo 12, o módulo lunar e os 3 Corvettes.

Porém não foi apenas pelo design do Corvette que Bean resolveu aproveitar as vantagens de leasing para astronautas. O que Bean gostava era da potência do carro apesar de nunca o te-lo guiado no limite. "O design do Stingray é fantástico muito mais elaborado que os carros atuais."

O Interior do Stingray
Agradecimentos: O coloborador oficial do blog, Luiz Tinoco, estava conversando comigo sobre o assunto uns 3 meses atrás quando ainda estavamos pesquisando sobre essa história. Algumas das fotos aqui nos foi fornecida por ele e outras por amigos que visitaram o centro espacial. Dessa forma, agradecemos novamente a colaboração do Luiz Tinoco.

Carlos Scheidecker

Nenhum comentário: