No entanto, o compressor que está no seu carro não é apenas um mero compressor. É na verdade um 451 tipo Roots que foi originalmente projetado por nínguem menos que Zora Arkus-Duntov junto com John Dolza. Dolza foi o engenheiro responsável por desenvolver o sistema de injeção de combustível do Corvette 1957 que junto ao small block v8 de 283 cid, desenvolvia iguais 283 hp. Ou seja, foi o primeiro motor que fazer 1 hp por polegada cúbica. Porém, crédito deve ser atribuido à outros dois engenheiros da GM: John Camden e Lou Cuttita que foram os homens responsáveis por fazer essa bomba de ar demoníaca funcionar num carro lá pelo final dos anos 50. O que se sabe é que 5 protótipos do compressor foram construidos sendo que apenas 2 foram realmente instalados em carros para teste.
Payte descobriu sobre esses compressores lendo o livro de Kenneth Kayser entitulado "The History of GM's Ramjet Fuel Injection on the Chevrolet V-8and its Corvette Racing Pedigree."
Larry Hoffer que tem uma oficina chamada The Corvette Shop in San Diego, Califórnia recebeu como presente de Grego uma cópia do livro das mão de Payte. Afinal, Hoffer é o mecânico de Payte e ambos ficaram realmente interessados em colocar esse compressor num Corvette 1962.
"Ah, eu gosto de M... estranhas", diz Hoffer que ainda complementa que na sua oficina eles fazem várias coisas estranhas como um big block 496 instalado num Corvette C5 1999 e outro 502 num Corvette 1986.
Payte tinha algumas dúvidas, já que ele estava muito satisfeito com a aparência e performance do seu 62 que tinha um sistema manual de injeção de combustível e cabeçote de alumínio da Edelbrock. Ele também duvidou que Hoffer conseguisse achar uma das unidades originais de Duntov ou ainda faze-la funcionar. Hoffer entrou no projeto de cabeça, era um desafio que ele realmente queria vencer. Apesar de que nenhuma das unidades de compressor funcionavam, ele achou uma na coleção de peças de Corvette do Dave Crane em Riverside Califórnia. Mas antes de Hoffer comprar o compressor que mais parecia o foguete do Rocketeer, nínguem sabia do que se tratava e estavam prestes a desmontá-lo. Segundo Hoffer, o compressor 451 chegou à ser instalado em caminhões da década de 50, tratores e barcos e uma versão mais nova chamada de 453 blower foi ainda usada em unidades da Detroit Diesel. Depois de estudar cuidosamente essa antiga jóia que mais parecia uma máquina do filme de Flash Gordon, Hoffer começou o trabalho. Ele começou o trabalho falando com John Marquardt da John's Fuel Injection que fica em Paramount, Califónia. John coleciona peças de injeção para Corvettes há mais de 30 anos e sabia bem do projeto 451. Ele ainda tinha na sua coleção ítens impossíveis de achar como um four-nozzle splitter, apelidado de aranha, que ficava montado acima do blower. Sem essa peça, Hoffer iria ter que cortar o compressor original e solda-lo para faze-lo funcionar. Mas um dos piores problemas seria o sistema de gerenciamento de combustível já que na época não haviam computadores nesses carros. O medidor de ar na unidade Rochester é através do fluxo do ar. Desde que o combustível seja alimentado de acordo dentro da curva, o sistema funciona perfeito injetando a mistura certa de combustível. Aliás, o princípio é muito semelhante ao venturi de um carburador. Apesar do motor estar devidamente decorado na era do veículo, o carro foi ainda modificado com suspensão dianteira melhorada e discos de freio de 12 polegadas da Wilwood no lugar dos tambores originais. A transmissão também foi trocada por uma Tremec de 5 velocidades e um diferencial da Ford de 9 polegadas com relação 3.25:1 foi instalado para aguentar a potência do motor como Duntov sempre sonhou em ter num Corvette.
Já que a maioria dos componentes foram feitos na época de Eisenhower bem antes do gerenciamento eletrônico, conseguir consistência com o compressor seria um grande desafio. O maior tempo gasto foi ajustando o medidor de combustível. E isso foi feito através tentativa e erro como descrito no livro de Kayser.
No final, Hoffer tentou dois medidos e resolveu desmontar ambos combinando as peças de dois. Um sensor de oxigênio e um medidor de pressão foram usados para testes mas acabaram indo para o carro. Após muitas tentativas, Hoffer resolveu usar uma relação de 15:1 que seria perfeita para dirigir na rua.
Hoffer se surpreende com o fato dos sensores de oxigênio manuais serem totalmente imprecisos com relação aos eletrônicos. Aliás, deve ter sido um dos fatores da GM nunca ter produzido esse sistema em larga escala. Ainda que Hoffer teve sorte que o sistema de ignição standard iria funcionar perfeitamente sei que ele tivesse que trocar o visual original do motor com outro tipos de velas de ignição.
Com o blower configurado entre 5 e 6 libras de pressão, o resultado é 100 hp a mais do que num motor stroker aspirado com compressão 9:1. Mas Payte ficou orgulhoso mesmo de ter o único Blower Duntov de C1 em funcionamento do mundo. Quem entende de Corvette, ainda fica na dúvida do que se trata aquilo no motor dada a raridade do artefato de Hoffer e Payte.
Um comentário:
Maravilhoso post, com esse exótico compressor na minha Corvette favorita: a 1962!
Me aguarde. Quando eu ganhar na Megasena vou aí buscar uma. Vou precisar de sua orientação...
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