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quarta-feira, 23 de junho de 2010

Cruisin' Night surpresa

Um Corvette modificado com um aviso aos Hemis

Na última Terça-Feira dia 22 de Junho às 17:30, estava saindo da concessionária onde está o nosso Stingray 1972 para reparos. Andei uns 500 metros ao sul na State Street de Murray e lá pela altura 5800 South tem uma loja da Pep Boys do lado leste da rua. Eis que eles organizaram um Cruisin' Night. O bacana nos USA, é que não importa o estado em que você se encontra, nem o tamanho da cidade ou vizinhança : a cultura do entusiasmo automobilístico está por todo o lugar.

O Corvette 1958, estrela do show.

O evento foi de boca a boca, rádio, etc, quem tinha um carro esporte moderno, colecionável, até Fusca ou buggy Manx bastava se inscrever. Todos se reuniram no estacionamento do Pep Boys onde rolava músicas nostálgicas, o churrasquinho e as trocas de experiência entre entusiastas e curiosos. No verão aqui em Utah fica claro até quase 10 da noite. Às 8 da noite a temperatura fica agradável demais e era essa a intenção de todos. Sair para um Cruisin' Night pela State Street em volta de Salt Lake City. Nada mal. Claro, tenho dois trabalhos e tinha apenas 10 minutos para tirar umas fotos e fazer um vídeo bem improvisado do evento que divido aqui com vocês.


O carro mais bonito e mais inteiro desse Cruisin' Night era um belo Corvette 1958 mecânico 4 marchas. Totalmente impecavél. Havia também um raríssimo Galaxie 1961 com a pintura e interior originais de fábrica, um também bem raro Trans Am 1979 câmbio manual (a grande maioria era automática) e talvez o ítem mais fora da realidade: Um Hupp Skylark 1941!!!! Não acreditei quando o vi, vou falar mais a respeito.


Utah é o estado da União com o menor número de Corvettes (perde até para o Alaska) de forma que é interessante ver alguns deles num evento não oficial da NCRS.

Interior e painel impecáveis nesse 1958.

Claro, tinha de tudo: Impalas e até Larks.



E porque não os Rods? Alguns Hot Rods interessantes.


Esse Corvette, totalmente modificado e com uma provocação aos Hemis no parachoque traseiro como mostra a primeira foto.


Um Ford customizado não poderia faltar, com interior à caráter também.



Ah sim, o assunto que quero falar com vocês: O Hupp Skylark 1941. Quando tinha 12 anos de idade, descobri o Cord 810/812. Esse é,na minha opinião, o carro Americano mais significativo dos anos 30. O Cord foi tão importante que influenciou vários designers Europeus e Americanos por décadas. Uma das características mais marcantes do Cord eram os faróis escamoteáveis que foram introduzidos no Corvette Sting Ray em 1963 por Larry Shinoda, quase 30 anos depois do Cord.

Os faróis escamoteáveis do Cord, vieram originalmente das luzes de pouso para aviões fabricadas pela Stinson. Sem palavras. Notem o capô caixão (coffin-nose).

Por causa do Sting Ray o Lotus Elan de Chapman também iria adota-los criando um efeito cascata nos demais fabricantes Europeus como Ferrari, Lamborghini, etc que adotaram a inovação estética do Cord 810. O Cord 810 teve seu design feito por Gordon Buehrig e inicialmente era para ser um Duesenberg.

O 812 Phaenton 1937 Supercharged Brasileiro

Recentemente, o meu bom amigo Mestre Mahar, mandou algumas fotos do evento 2010 de Araxá onde havia (holly cow!) um Cord 812 Phanteon Brasileiro! Uma jóia que poucos conhecem. O Cord 810/812 tinha várias coisas interessantes, uma delas era um câmbio eletrônico pré selecionável, ou seja um semi automático de 4 marchas (3 mais overdrive) em 1935! Você coloca a marcha que queria antes na pequena alavanca, e quando acionasse a embreagem a marcha seria trocada. Uma curiosidade, o câmbio do Cord foi modificado em 1948 para ser usado no Tucker Torpedo!

Painel do 812 Brasileiro, notem a alavanda do semi-automático do lado direito da coluna de direção. Uma jóia que poucos conhecem mas mora no Brasil.

O carro tinha também tração dianteira como no Citroën Traction Avant. Vinha com tacômetro, rádio de fábrica e limpadores de para-brisas com velocidade variável (na eṕoca os carros que tinham limpadores eram na maioria manuais). Ou seja, o Cord estava 20 anos à frente do seu tempo.

Detalhe dos canos do supercharger do 812. Tudo na frente: motor, câmbio e motor.

Os Cords eram oferecido nas versões conversível e sedan sendo que nos 812 havia a opção supercharged que era facilmente indentificada pelos canos de escape que saiam lateralmente em cada lado do capô que era apelidado de capô caixão. No final o Cord acabou morrendo porque os primeiros carros eram pouco confiáveis além de ter o seu preço elevado.

Belíssimo! Um design totalmente Timeless! O 812 Phanteon é sinônimo de prefeição.


Motor do 812 supercharged Brasileiro


O Cord 810/812 foi objeto de desejo de várias celebridades Americanas e ao redor do mundo que tiveram a chance de obter um. Uma das histórias mais clássicas do Cord involveu um dos famosos Cowboys do cinema da época: Tom Mix. Mix estava dirigindo seu Cord 1937 812 Paeton conversível (como o Brasileiro) em Florence, Arizona em Outubro de 1940 quando, ao passar por uma ponte que tinha caido, o carro bateu no buraco e a mala de metal que ele tinha no banco traseiro voou quebrando seu pescoço e causando morte instantânea. Um operário de estrada do estado do Arizona estava na ocasião e viu o bizarro acidente. O carro de Mix foi consertado e recentemente vendido no Barrett-Jackson.

Depois que a Cord morreu, houveram duas tentativas nos anos 40 de reviver o 810/812. Uma foi o Graham Hollywood (tem um à venda na Schmitt por $79.900) e o Hupp Skylark que é virtualmente idêntico ao Hollywood e estava nessa Cruisin' Night.

O Graham Hollywood à venda na Schmitt, uma das minhas lojas favoritas.

A história da Hupp (Huppmobile) é interessante. Foi fundada por um ex funcionário da Ford, Robert Craig Hupp e seu irmão Louis Gorgam Hupp e começou à produzir carros em 1909. Na época, fabricar carros era tão glamouroso como trabalhar na indústria de tecnologia hoje em dia. Porém, quase ninguem (exceto os irmão Dodge) tinha dinheiro para bancar a brincadeira. Ford, por exemplo, teve investimentos dos irmão Dodge até conseguir independência e os próprio Dodge resolverem montar sua própria fábrica para fazer frente à Ford. Os Hupps também tinham investidores. Tudo ia muito bem, inclusive produzindo 5.000 carros em 1910 até que Hupp brigou com os seus investidores e vendeu sua parte na empresa em 1912. Depois disso a Hupp até conseguiu sobreviver a crise de 1929 mas não por muito.

O Skylark 1941 do evento, notem a grelha do Continental e a ausência dos canos laterais bem como dos belos faróis escamoteáveis do Cord.

Em 1938 eles compraram os direitos dos moldes e ferramentais da Cord assim como a Graham fez o mesmo. A idéia da Hupp era oferecer um Cord 810/812 à um preço de banana. Batizaram o carro de Skylark e os pedidos choveram as centenas tendo a produção inicial em 1939. Mas não sobreviveu e teve que fechar as portas poucos anos depois. O carro do evento era um modelo 1941. Três curiosidades do Skylark: a grelha inspirou o Lincoln Continental (Dejá vu, anyone?), o nome Skylark depois foi usado pela Buick de 1953 até 1998 e o último concessionário Hupp ainda existe! Sim, o Hupmobile dealership está totalmente preservado e seu local é Omaha no Nebraska. Se vocês passarem por lá, não deixem de visitar.


O dono do carro era um gozador, atrás tinha uma placa com o preço de venda para os interessados: 1 milhão de Dólares. Notem a janela traseira bipartida do Cord.


Interior do Skylark, câmbio convencional. O objetivo era ser um carro acessível.

Mas o evento tinha mais. Carros em vários estados de conservação e apresentação. O que vale mesmo é curtir uma Cruisin' Night, como é o caso do dono desse Impala.


Um Corvair cupê totalmente modificado. Corvairs sempre são interessantes de ver. Alguém nota algo estranho nesse Corvair? Que tal o motor na frente como dica?


Oh yeah! Muscle cars all over. Esse belo Camaro 1969 Z/28 estava devidamente apimentado. 1969 é o ano mais belo do primeiro Camaro, inclusive o atual é baseado nesse.




Claro, a secção dos Corvettes. Desses, apenas os dois vermelhos estavam inteiros. O primeiro branco é um 1971 em estado razoável. Ao fundo um 1975, ano não muito apreciado. Já o C3 conversível em Monza Red é um 1972 automático muito bem cuidado ao lado de um midyear também conversível e impecável. Do outro lado tinha ainda um C4 1994 verde automático e um certo C4 1992 preto que entrou de gaiato na festa carregando yours truly.







Esse midyear 1963 está implorando para ser restaurado. O rosa desbotado precisa sair e ele precisa voltar à sua original glória. Quem sabe a dona não faz um precinho especial e camarada?


Aqui um video que tenta capturar a atmosfera e mostra alguns dos carros com mais critério. Peço desculpas pelo pouco tempo dedicado, mas o evento foi surpresa e eu tinha compromissos.


4 comentários:

Joel Gayeski disse...

Hemi WTF???

Não adianta, os EUA são o paraíso do AUTOentusiasta.

O que é esse 812? Nunca imaginei que existisse tal relíquia por aqui.

Quanto custa um C2 conversível tipo esse das fotos?

Francisco J.Pellegrino disse...

Bonito encontro, carros nota 10, o que mais me agrada além do congraçamento das pessoas é que não teve aquela muvuca como por aqui, onde os caras querem até sentar dentro do teu carro...já desistí de participar por este motivo...Look, admire, criticize, but please d'ont touch...aqui não funciona.

Luiz disse...

Interessante, com a exemplo do Chevy 1957, o camaro 1969 é o mais popular da primeira geração.

Belo evento. Me deu vontade de ir a Utah.

Luiz disse...

Carlos, eu conheci esse Cord brasileiro antes de ser restaurado. Há muitos anos era de um senhor que o guardava no porão de sua casa. Foi comprado por um amigo que inciou a lanternagem e acabou vendendo.