Finalmente vamos terminar a história que comecamos aqui. Nos anos 40, muitos soldados voltando da Europa traziam consigo carros esportes Europeus como Jaguar XK e MGs. Era algo muito incomum nas estradas Americanas que estavam acostumadas à carros grandes. Não havia a cultura do carro esporte pequeno e ágil para dois ocupantes. Todos os carros Americanos dá época eram dedicados à mais ocupantes mesmo os conversíveis.
Eis que um major da força aérea Americana, Ken Brooks, comprou para a sua esposa um Jeep. Na verdade era um Jeep fechado muito parecido com uma Rural Willys Brasileira. A esposa ficou enfurecida porque amigas guiavam Jaguar XK e MGs. Ao ínves de agradar o major criou um grande problema conjugal automotivo. A solução foi tentar construir o próprio carro esporte usando chassis e peças do Jeep. Entra então Bill Tritt, amigo de Brooks que construia barcos de fibra de vidro numa pequena oficina em Costa Mesa, Califórnia. Tritt convenceu Brooks que fibra de vidro era a melhor forma de se fazer esse hot rod. Para começar, havia o chassis do Jeep que foi modificado para alojar um motor V8.
Bill Tritt não era apenas um cara qualquer. Era um estudioso de barcos e automóveis sendo especialista em arquitetura naval e construção de barcos mas também trabalhou na Douglas Aircraft durante a guerra no departamento de produção e ilustração e já em 1945 construiu uma série de catamarans que eram muito elegantes. Mas foi apenas em 1947 que Tritt começou a se especializar em fibra de vidro. Isso porque um de seus amigos, John Green, queria que Tritt desenvolve-se e construi-se um veleiro de competição com uns vinte peś de comprimento e Tritt achou que fibra de vidro seria a forma correta de abordar o projeto. Green era amigo de Tritt porque ambos costumavam veleijar juntos. Um outro conhecido de Tritt, Otto Bayer (observem o nome) que trabalhava na Wizard Boats foi convidado por Tritt para ser o laminador do novo projeto. No final foram construidas 4 embarcações com o projeto e foram devidamente batizadas de Green Dolphin. Tritt ficou tão animado com as possibilidades do material que era o plástico reinforçado com fibra de vidro que ele começou a Glasspar em 1947 fabricando pequenas embarcações e, inclusive, o primeiro mastros em fibra de vidro para veleiros que foram vendidos nos Estados Unidos. A empresa mudou para Santa Ana na Califórnia e no começo dos anos 50 era responsável pela produção de 20% de todas as embarcações de fibra de vidro nos Estados Unidos.
Mas voltando ao G2, Tritt não foi o primeiro à construir um carro de fibra de vidro, apenas o primeiro a colocar um em produção. Haviam 3 carros que foram mostrados no salão de Los Angeles de 1951: O Brooks Boxer (que fez muito sucesso), big Lancer e o Wasp.
Porém o ano de 1951 foi um ano complicado para Tritt no que diz respeito às suas ambicões de fibra de vida. Na época, a guerra da Korea estava acontecendo e comprar resina de polyester era algo quase que impossível na América. Mas como citamos no post anterior, Earl Elbers da Naugatuck Chemical foi quem salvou Tritt mandando bastante resina de Vibrin para que fosse possível construir mais G2. Porém foi sugerido um novo nome para o carro: Alembic I e esse foi mostrado no salão da Filadéfia em 1952. Na mesma ocasião aconteceu algo muito bacana para Tritt e Elbers, o carro foi artigo da Life, do New York Times e do Wall Stree Journal. O resultado foi que a Glasspar fez um IPO e vendeu acões tornando-se uma empresa pública e adquirindo capital no mercado.
Toda a publicidade com a Glasspar foi bastante útil também a Elbers que levou o carro à Detroit para Harley Earl observar e o resto, como contamos aqui, é história.
Talvez Bill Tritt não tenha colhido todos os frutos do seu trabalho como gostaria mas nem tudo foi perdido para ele. Com a publicidade do Glasspar Tritt iria construir outras carrocerias em Fibra de Vidro, entre elas carros para Blanchard Robert Woodill qye era um concessionário da Dodge e Willys. O nome do carro era Woodill Wildfire e foram feitos 15 carros completos e mais 285 kits do mesmo foram vendidos. O Wildfire era, na verdade, uma cópia um pouco alterada do G2 como as fotos abaixo mostram.
Britt vendeu um dos seus G2 para Bill Vaughan que era revendedor dos carros ingleses Singer. Impressionado, Vaughan pediu a Britt para desenhar uma carroceria para um Singer e em 1954 surgiu o Singer SMX. A Singer sofreu com o bombardeio durante a guerra e a compensacão do Governo Britânico demorou a chegar. A empresa não estava bem e sedan SM1500 era a sua esperanca porém foi um tremendo fracasso. Para alavancar a empresa o esportivo foi criado com a mesma mecânica do SM1500. Ou seja um motor de 1500 cc e único comando. Pode-se ver o SMX nas fotos a seguir.
Britt também desenhou carrocerias para Willys, Kaiser, Volvo além de um modelo para Walt Disney para um atracão na Disneylândia chamada de Autopia. Os carrinhos da Autopia eram movidos por motores de cortadores de grama com embreagem centrífuga e a foto abaixo mostra a carroceria feita por Britt.
Britt também desenhou carrocerias para Willys, Kaiser, Volvo além de um modelo para Walt Disney para um atracão na Disneylândia chamada de Autopia. Os carrinhos da Autopia eram movidos por motores de cortadores de grama com embreagem centrífuga e a foto abaixo mostra a carroceria feita por Britt.
Britt ainda faria uma outra tentativa na Glasspar com um modelo chamado de Ascot porém a diretoria não queria mais saber de nada a não ser os barcos. Britt acabou saindo da empresa quando o Ascot foi cancelado. A seguir mostramos o Ascot.
A idéia de se fazer o Corvette em fibra de vidro pode ser atribuida em partes à pioneiros como Britt porém precisou uma empresa como a GM para mostrar ser viavél esse tipo de material para a construcão de carrocerias. E o resto, bem o resto é e continua sendo história.
Um comentário:
Carlos, parabéns pela matéria. Jober.
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