Sobrevivendo ataque de alces

Morar na América do Norte em território com muita natureza e neve exige certas coisas. Uma delas é dirigir uma pickup para poder descer e subir a montanha todos os dias. É belo ver os animais passando e toda aquela natureza, porém a natureza pode ser fatal e na última Quarta-Feira passei um bom susto.




Voltando para casa, passo por uma pequena cidadizinha do velho oeste chamada Heber. Estava na Main Street de Heber, parado no farol e começando a acelerar quando um estrondo aconteceu do meu lado levantando os pneus do lado esquerdo da pickup do chão. Não é uma pickup leve, é uma full size e pelo estrondo mais escuridão sem nenhum carro muito próximo achei que era um dos pequenos aviões que colidiu com o carro. Uma rápida olhada no retrovisor vejo algo grande como um cavalo deitado no chão e se mexendo. Logo ele levanta, faz a volta por trás e sai na calçada do outro lado mancando para depois acelerar novamente e sair voando. Bem, tratava-se de um bando de bull elks correndo em velocidade no escuro e atravessando a pista para dois atingirem em cheio a lateral do motorista da pickup.



Sorte esteve comigo uma vez que a cabeça de um atingiu a coluna do parabrisa e o chifre furou o lado esquerdo do mesmo. Se fosse um pouco mais para tras e ele teria entrado pela janela com um resultado fatal para o motorista. Tive muita sorte. Veja os pedaços de pelo (Muito grosso desses animais) que ficou fincado na lataria no paralama e na porta conforme fotos.



Havia um policial uns 50 metros atrás que viu a curiosa cena. Logo que fui atingido, manobrei a pickup para dentro de um estacionamento de supermercado do outro lado da rua para poder parar o carro num lugar seguro. Os airbags não abriram e não sofri nada exceto uma chuva de vidro no rosto e na mão. Notem, a velocidade de corrida de um bull elk (que pesa mais que uma vaca) é de 45 mph ou 72 km/h e foi assim que fui atingido. A força que é a massa multiplicada pela aceleração (desaceleração nesse caso) foi grande.



Quando parei o carro vi que estava tudo bem, liguei para o seguro e depois me lembrei que tinha o sistema onStar e apertei o botão de emergência. É obrigatório se fazer ocorrência num caso desses devido ao seguro. O policial que estava atrás recebeu um chamado da onStar com as coordenadas precisas de onde estava e logo também chegou um patrulheiro da UHP. Eles simplesmente não acreditaram na minha sorte, brincaram comigo, inspecionaram a pickup e depois me contaram histórias da profissão. Ainda, fizeram a ocorrência que dizia: "Motorista foi atropelado por bull elks".



Em casos semelhantes, porém quando alguém atinge um animal desses de frente a possibilidade de sobrevivência é mínima se o animal invadir o habitáculo via o parabrisa. Um dia de sorte para mim porém não para a Silverado que é praticamente nova e agora está na oficina. Aí o motivo de dirigir sempre uma pickup nessa época do ano. Fico surpreso com alguns amigos do Brasil terem criticado o fato de guiar uma pickup por gastar mais combustível que um carro. Mas aqui, nas montanhas e no meio da natureza, é o que é preciso ser feito. Está aí a prova.




No dia seguinte notei que a pata de um afundou a lataria mais grossa da traseira do habitáculo, impressionante.