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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Jaguar XK-SS, McQueen, Leno e eu



Hoje vamos mostrar ou tentar mostrar o que foi a experiência ao lado do Jaguar XK-SS, um dos carros mais bonitos, raros e importantes do mundo automotivo para quem se dedica à colecionar ou admirar essas verdadeiras expressões artísticas sobre rodas. O carro em questão têm uma história muito interessante por ser de propriedade de nínguem menos do que Steve McQueen.




O fundador da Jaguar, Sir William Lyons sabia o óbvio: para sair-se bem nos showrooms era preciso carros vencedores nas pistas com um design irresistivél.

Para um fabricante de carros esportes da década de 50 ou anteriores, quanto maior o número de carros na mão de particulares ganhando provas e elevando o status da marca ao nível de mito, melhor.Isso, claro, foi na época dourada do automobilismo onde não haviam envolvimento maiores de corporações pagando por todo o enorme custo que a brincadeira de competir com automóveis demanda.



Mas não apenas Sir Lyons era o responsável pelo belo carro.O XKSS foi também obra de Malcolm Sayer, o engenheiro de aerodinâmica que criou o famoso e vencedor Jaguar D-Type.



O playboy milionário Briggs S. Cunningham queria competir com os famosos D-Type na série Americana SCCA já que era um carro de sucesso internacional comprovado. Logo, o XKSS (sua versao de rua) era a ferramenta perfeita para Briggs.



O objetivo do XK-SS era de ser uma versao de rua do D-Type onde entusiastas que curtiam correr nas provas da SCCA pudessem ser clientes do carro. Na verdade, o que ocorreu foi que houve uma "sobra" de chassis do D-Type que nunca competiram e os mesmos foram convertidos no XK-SS. Em 1957, a Jaguar abandonou as competições de forma oficial devido à também repercursão negativa do famoso acidente de Le Mans em 1955. Assim como a Mercedes, que largou de vez todas as competições por causa da fatalidade das várias mortes envolvendo um dos seus carros no templo Francês dois anos antes.Essa foi a principal razão de os chassis extras do D-Type estarem disponíveis para o que resultaria num dos mais bonitos carros esportes já criados: o XK-SS. A maioria das fotos aqui foram de minha autoria e algumas até tremidas devido à emoção de ver, tocar e sentir o carro de perto.



Malcom Sayer desenhou o XKSS para ter um parabrisa envolvente de plexiglass e janelas laterais removiveis. O cockpit foi alargado com devido acabamento de acordo com o padrão de luxo esporte da Jaguar. Uma capota conversível foi adicionada ao carro e um tanque de combustível maior também utilizado, o que tirou a possibilidade de um porta-malas que era "quase" compensado pelo rack montado na parte traseira da carroceria. Além disso, uma porta do lado do passageiro foi adicionada (havia apenas uma porta no D-Type para salvar peso), a divisão entre o espaço do piloto e passageiro (obrigatório pelas regras) foi removida assim como a barbatana aerodinâmica do D-Type.



O carro foi oferecido inicialmente no território Americano em Janeiro de 1957 pela barganha de US$7,500 Dólares isso comparado ao custo de um Mercedes 300SLR roadster que custava $US10,500 na época. Essa era a filosofia de Lyons: qualidade por menor preço que a concorrência. Um detalhe importante, o XK-SS era muito mais rápido que o 300SLR apesar de bem espartano.



Inicialmente, Lyons apostava no sucesso do carro mas um acidente na fábrica em Coventry destruiu a seção de montagem do XK-SS. O acidente ocorreu em 12 de Fevereiro de 1957 e na fábrica haviam 25 carros já completos. Porém o fogo destrui 9 dos carros e 16 foram salvos. Posteriormente, haviam peças suficientes para fabricar mais dois XKSS e assim o total de carros é na verdade 18.Dessa forma, somando os D-Type de clientes, os 18 D-Type oficiais de fábrica mais os 18 XK-SS a plataforma rendeu 68 chassis produzidos. Interessante notar que haviam 300 carros sendo fabricados no momento do incêndio o que teria rendido uma quantidade interessante de XK-SS em 1957 e 1958.



Vamos falar um pouco do D-Type que foi o carro que originou o XK-SS. O D-Type tinha construção tipo monobloco feita de ligas da alumínio. O monobloco tinha um formato elíptico o que o tornava bastante rígido para torção. Ao tubo do monobloco, era aparafusado duas sub-estruturas. A primeira dianteira era para a montagem do motor dianteiro, câmbio, suspensão e caixa de direção. Já a segunda sub-estrutura traseira servia para montar a suspensão traseira e diferencial. O tanque era traseiro montado no tubo do monobloco como no XK-SS. Porém havia uma novidade: ao invés de um tanque convencional de metal, uma bolsa deformável fabricada pela Marston Aviation compunha o tanque de combustível e seu design seguia padrões de aviação para segurança algo que seria adotado nos carros de produção de massa depois da década de 70. O tanque do carro tinha capacidade para 44 galões Americanos (o galão Inglês é de maior volume), algo em torno de impressionantes 168 litros.



O D-Type era muito eficiente aerodinâmicante pois seu designer, Malcom Sayer, era um ex engenheiro da Bristol Aeroplane Company e também tinha tido experiência anterior no desenvolvimento do C-Type. Malcom queria reduzir a aŕea frontal do carro e assim o engenheiro chefe da Jaguar, William Hayes junto com Walter Hassan (ex engenheiro da Bentley) desenvolverão um sistema de lubrificação de carter à seco (dry sump) para o D-Type. O resultado do esforço dos trabalhos no carro eram evidentes pela velocidade máxima em 1954 ao final da Mulsanne (reta do circuito de Le Mans) de 278 km/h com o lendário motor XK 6 cilindros em linha. Em comparação, a maior velocidade que a Ferrari 375 plus (V12 de 5 litros) de maior potência conseguia era de 257 km/h. Mas a Ferrari ganhou a edição de 1954 com 1 minuto e 45 segundos de vantagem pois o D-Type sofreu com problemas de combustível e terminou em segundo.O D-Type falhou no seu primeiro ano em repetir o sucesso do C-Type em 1953.



Em 1955 o D-Type teve o seu nariz alterado e alongado o que criou a versão chamada de long nose. XKSS era mais similar à versão short nose de 1954. Mecânicamente o D-Type tinha o mesmo motor XK e os freios à disco do C-Type (inovação da Jaguar). Apesar de 1956 ter sido a última temporada oficial do D-Type de fábrica, em 1957 foi o ano de maior sucesso do D-Type.O carro conquistou as 6 primeiras colocações em Le Mans pelas mãos de equipes privadas como a Ecurie Ecosse (ainda que com apoio técnico de fábrica da Jaguar).



Voltando ao XK-SS sua ficha técnica é bem interessante. O carro tinha câmbio manual de 4 marchas, distância entre-eixos de 2.3 metros, comprimento de 3.99 metros, largura 1.66 metros e altura de 1.1 metro. Pesava apenas 890 kilos à seco. O motor era o clássico XK6 que tanto no D-Type quanto no XK-SS era o de versão "wide angle" de cabeçote com 3.4 litros de capacidade volumétrica. O pouco peso do carro aliado ao motor que produzia 250 hp levava o carro de 0 à 100 km/h em apenas 7.3 segundos (um absurdo para a época). O D-Type acelerava em 5.2 segundos. A sua velocidade máxima era mais modesta que o primo D-Type sendo de "apenas" 240 km/h. Ainda hoje poucos esportivos igualam em aceleração à esse bólido de quase 60 anos de idade!



Talvez o proprietário mais famoso de um dos XK-SS é o ator e entusiasta Americano Steve McQueen. Ele tinha um dos exemplares pintado em British Racing Green que ele apelidou carinhosamente de "Green Rat", ou seja "Rato Verde". Hoje em dia, o carro é parte da coleção de McQueen que é administrada pela famosa empresa Microsoft. Em 2010 o carro começou a ser mostrado em várias partes dos Estados Unidos e aqui é que começa nosso contato com ele.Aliás, o carro das fotos e do video é o próprio.



No dia 14 de Julho de 2012 aconteceu uma oportunidade interessante. O XK-SS de propriedade de Steve McQueen ficou no Museum of Fine Arts da Universidade que estudei. Mais ainda, nesse dia o museu não estaria aberto à público mas sim à um pequeno e seleto grupo incluindo o famoso colecionador e apresentador Jay Leno.



E ainda por cima, tive a oportunidade de ser uma das poucas pessoas presentes na ocasião. Então tive a oportunidade de conhecer Leno apresentado por um amigo em comum que tirou essa foto nossa com o XK-SS como pano de fundo. Foi um dia interessante que gerou conversas e momentos bacanas. Deu também tempo para fazer várias fotos e videos que vou compartilhar em breve, mas por enquanto vamos mostrar um dos videos que inclui o XK-SS que é tema do texto.



Alguns detalhes do carro são bastante interessantes. Para o maior conhecedor dos carros da marca, perceber que as laternas traseiras do XK-SS vieram do XK150 é algo praticamente natural.



Algumas fotos que McQueen tinha do seu carro.



4 comentários:

Anônimo disse...

Show!

Anônimo disse...

Riquíssimo post! Onde fica esse museu?
Seria muito interessante um post sobre o cobra daytona coube que aparece na primeira foto!

Carlos Scheidecker disse...

Caros, existe um material sobre esse Daytona Coupe e outra história inédita também. Aguardem e as teremos logo no blog.

O museum era temporário para os carros, ficaram poucos dias. É um museum de artes e não de carros.

aeromodelismo disse...

Inclusive Steve McQueen refiria-se a ele como Rat Verde, por ser pintado em verde British.